11.11.06

Universidade Nova

Na última quinta-feira, 9 de novembro, foi realizada uma Assembléia dos estudantes do nosso curso para discutirmos ENADE e UFBA Nova (Universidade Nova). Esta última é pauta de suma importância para o conjunto discente, pois trata-se de uma proposta de Reforma Universitária interna à UFBA e que tem como objetivo alterar toda a arquitetura acadêmica e curricular. Nada demais até aí, pois temos plena consciência de que a Universidade precisa ser contemporânea e, para tanto, necessita modificar sua estrutura. A proposta apresentada pela Reitoria, no entanto, não fornece o tempo suficiente para o aprofundamento da discussão democrática de tema tão importante, visto que planeja aprovar o projeto em março e implementá-lo já em 2008.1. Sem entrar ainda no mérito da proposta, posto que precisamos ampliar as discussões, desde já o Diretório Acadêmico se posiciona favorável a postergação de todos os prazos estipulados pela Reitoria.


Apresentamos abaixo trechos do documento UNIVERSIDADE NOVA, apresentado pela administração central da Universidade. Lembramos que dia 29 de novembro, o magnífico Reitor Naomar de Almeida estará na FFCH apresentando o projeto para a Unidade.


Universidade Nova: Descrição da Proposta

A idéia de estudos superiores de graduação de maior amplitude e não comprometidos com uma profissionalização precoce e fechada, bem como maior integração entre esses estudos e os de pós-graduação, já é realidade em muitos países social e economicamente desenvolvidos. O processo europeu de Bolonha é um exemplo eloqüente dessa concepção acadêmica que, por força das demandas da Sociedade do Conhecimento e de um mundo do trabalho marcado pela desregulamentação, flexibilidade e imprevisibilidade, certamente se consolidará como um dos modelos de educação superior de referência para o futuro próximo.

Um aspecto estreitamente relacionado a essa nova concepção de educação superior é o da interdisciplinaridade. Definida como o estabelecimento de nexos significativos entre os campos disciplinares, a interdisciplinaridade tornou-se uma exigência dos currículos contemporâneos em todos os níveis, etapas e modalidades educacionais.

Embora o conhecimento no mundo atual seja produzido em âmbitos altamente especializados, o entendimento da totalidade desse mundo, cada vez mais complexo e multidimensional, requer dos processos formais de ensino-aprendizagem uma abordagem integradora que confira sentido e significado ao conjunto de informações que se apresentam em fragmentos desconexos.

A proposta aqui denominada de Universidade Nova implica uma transformação radical da atual arquitetura acadêmica da universidade pública brasileira, visando a superar os desafios aqui analisados, resultando em um modelo compatível tanto com o Modelo Norte-Americano (de origem flexneriana) quanto com o Modelo Unificado Europeu (processo de Bolonha).

A principal alteração proposta na estrutura curricular da universidade é a implantação de Bacharelados Interdisciplinares (BI), propiciando formação universitária geral, como uma pré-graduação que antecederá a formação profissional de graduação e a formação científica ou artística da pós-graduação. Os Bacharelados Interdisciplinares representam uma alternativa avançada de estudos superiores que permitirão reunir numa única modalidade de curso de graduação um conjunto de características que hoje vem sendo requeridas:

· O alargamento da amplitude da base dos estudos superiores, permitindo uma ampliação de conhecimentos e competências cognitivas;

· A flexibilização curricular através do aumento de componentes optativos que proporcionarão aos estudantes a escolha de seus próprios percursos de aprendizagem;

· A introdução de dispositivos curriculares que promovam a integração entre conteúdos disciplinares

· O adiamento de escolhas profissionais precoces que têm como conseqüência prejuízos individuais e institucionais.

O BI terá duração de três anos, abrangendo grandes áreas do conhecimento: Humanidades, Artes, Ciências (da matéria, da vida, da saúde, da sociedade e sociais aplicadas), Tecnologias.. O currículo do BI poderá ser formado por quatro componentes: FG ? formação geral obrigatória, FD ? formação diferencial (optativas), FP ? formação profissional, além de uma seqüência de cursos-tronco paralelos durante todo o programa, como, por exemplo, língua e cultura brasileira e língua estrangeira moderna.

Na FG (Formação Geral), haverá módulos de filosofia (lógica, ética e estética), pensamento matemático, história, antropologia, literatura, estudos clássicos, expressão escrita, princípios e uso de informática, política e cidadania, ecologia, iniciação científica, atividade curricular comunitária, entre outros.

Os cursos FD serão optativos e oferecidos aos alunos de todas as opções de BI, sem distinção de nível, integrando graduação e pós-graduação. Buscando contribuir para escolhas maduras de carreira profissional, nessa etapa serão oferecidos módulos de introdução aos cursos profissionais, a exemplo da ?Introdução às Engenharias? já existente na Escola Politécnica e da ?Introdução à Psicologia? na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.

Os cursos FP serão optativos e oferecidos somente aos alunos da área de conhecimento do BI correspondente que concluíram o FG. Como a prioridade de matrícula nos cursos FP será dada por desempenho do aluno nos cursos FG e FD, haverá um permanente estímulo ao bom desempenho para aqueles alunos que pretendem usar o BI como via de entrada à formação profissional.

Na Universidade Nova, uma vez concluído o BI, o egresso poderá enfrentar o mundo do trabalho, com diploma de bacharel em área geral de conhecimento (Artes, Humanidades, Ciências, Tecnologias). Caso deseje, haverá as seguintes opções de prosseguimento de estudos:

a) Aluno(a)s vocacionados para a docência poderão prestar seleção para licenciaturas específicas (p.ex. do BI em Ciências da Matéria para Licenciatura em Matemática, Física ou Química), com mais 1 a 2 anos de formação profissional, o que habilita o aluno(a) a lecionar nos níveis básicos de educação;

b) Aluno(a)s vocacionados para carreiras específicas poderão prestar seleção para cursos profissionais (p.ex. Arquitetura, Enfermagem, Direito, Medicina, Engenharia etc.), com mais 2 a 5 anos de formação, levando todos os créditos dos cursos do BI;

c) Aluno(a)s com excepcional talento e desempenho, se aprovados em processos seletivos específicos, poderão ingressar em programas de pós-graduação, como o mestrado profissionalizante ou o mestrado acadêmico, podendo prosseguir para o Doutorado, caso pretenda tornar-se professor ou pesquisador.

Naturalmente, todos esses pontos constituem propostas preliminares, sujeitas a críticas, discussões e revisões, especialmente do ponto de vista de política institucional. Na mesma medida, há muitas outras questões, inclusive técnicas e legais, ainda em aberto.