Eleições DCE-UFBA
CARTA ABERTA DO DACISO AOS ESTUDANTES
8 e 9 de maio de 2007
A universidade é marcada pela pluralidade de idéias, “pensamentos” e “vozes” em torno dos mais variados aspectos e repentes da sociedade hodierna. O Diretório Central dos Estudantes, enquanto entidade geral e de representação máxima do corpo discente tem como principal função a mobilização das Entidades de Base e Conselhos Estudantis para a construção de posturas, posições e métodos de implementação de políticas que visem alterar o “estado de coisas” dessa sociedade.
O Diretório Acadêmico de Ciências Sociais, enquanto entidade, não está compondo nem apoiando nenhuma chapa, mesmo que cada membro exerça livre arbítrio para votar, apoiar e compor chapa com o grupo com o qual mais se identifique.
Nossa posição, deliberada em reunião, de não apoiar as chapas concorrentes consiste do fato de termos em nosso curso grande diversidade de opiniões, forças e representações, logo, cumprindo com as pautas que fomos eleitos e repudiando o aparelhamento de grupos partidários ao movimentos estudantil, o DACISO respeita a multiplicidade de idéias e tem o estudante de Ciências Sociais como indicador e construtor de posturas políticas tomadas, como já vem sendo feito na organização de Seminários, Grupos de Trabalho (GT), ida à encontros estudantis interestaduais, tudo isto visando o esclarecimento, a formação de opiniões e posturas conjuntas, e o diálogo com estudantes de outros campos, nos tornando cientes da realidade da universidade brasileira e de suas problemáticas.
Falando mais claramente, um D.A/C.A não tem o dever, nem sequer a obrigação moral de apoiar uma chapa. Enquanto entidade política um D.A/C.A tem o dever de legitimar o processo através da mobilização frente aos debates, alertar os estudantes da importância de participação do processo e disputar junto com a chapa vencedora pleitos para sua unidade e para a melhoria da universidade como um todo. A passagem em sala, colagem de cartazes e distribuição de panfletos por parte do Diretório garantiu em nossa unidade um debate com auditório lotado e rico em diversidade.
Nenhuma das chapas concorrentes em seu material, expuseram e enfrentaram de forma séria a relação partido – movimento estudantil existente em seu bloco, apesar de tanto falarem em mudanças e reivindicações. Em momento algum pronunciaram-se a respeito da alteração do estatuto do DCE, que devido a seu grau altíssimo de burocratização engessa e trava qualquer pauta real de luta, bem como pouco abordaram as questões que impedem as pautas e reivindicações de serem atendidas, servindo somente para promessas do próximo período de campanha.
Em tempos de crise do Movimento Estudantil, devido, basicamente a não identificação da estudantada com os grupos que hegemonizam o discurso político-acadêmico e a uma noção falha de representatividade, concebida pelo nosso atraso histórico em relação aos processos democráticos, na qual a participação do indivíduo se encerra no ato do voto. Torna-se imprescindível, em especial ao aluno de Ciências Sociais, o conhecimento do processo eleitoral dado em sua universidade, da composição substancial das chapas (posições, tendências e interesses de fundo), da execução do poder de voto e principalmente, a cobrança das promessas feitas pela chapa vencedora, seja esta qual for.
O voto de cada indivíduo em determinada chapa reflete o compartilhamento de posições políticas, ideológicas e metas profanadas por aquele grupo. O voto em branco expõe a indecisão do indivíduo frente às chapas, enquanto o voto nulo constitui-se de uma posição política de insatisfação e repúdio ao sistema empregado no processo eleitoral e à cultura que vem sendo mantida pelos grupos que fazem parte desse sistema nos processos de representação. Neste sentido, consideramos este momento eleitoral uma grande oportunidade de manifestarmos nossas opiniões e insatisfações frente às limitações do movimento estudantil tradicional e de pensarmos saídas conjuntas para a conquista de uma representação que, além de legítima, esteja realmente ligada ao estudante, sua realidade e aspirações.
Comissão para Assuntos Políticos e Movimento Estudantil
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