29.11.06

Reitor Naomar de Almeida apresenta Universidade Nova à FFCH

O reitor Naomar de Almeida esteve presente hoje à reunião especial da Congregação para apresentar o projeto Universidade Nova. Na ocasião, a representante do D.A. na Congregação, Priscilla Caires, leu a carta aberta redigida pelo diretório e que segue abaixo. Desde já, contudo, informamos que a posição definitiva do D.A. ainda não está tomada e só o será após amplo debate com o corpo discente. Na próxima semana será instalado o Grupo de Trabalho (GT) sobre Universidade Nova, a ser coordenado pela Comissão para Assuntos Políticos e Movimento Estudantil. Das discussões nestes encontros do GT deverá sair um outro documento do D.A. O GT é aberto e qualquer estudante interessado no tema pode participar. Mas lembramos a todos que é fundamental uma ampla participação, pois o assunto diz respeito a mudanças profundas na estrutura universitária. Segue a carta lida e entregue pelo D.A.:

Carta Aberta do Diretório Acadêmico de Ciências Sociais ao Magnífico Reitor acerca do projeto UFBA Nova


Salvador, 29 de novembro de 2006


O Magnífico Reitor Naomar de Almeida Filho vêm apresentando à comunidade universitária da UFBA um projeto de ampla reestruturação da arquitetura acadêmica da Universidade. A proposta - nomeada ?UFBA Nova? até ser abraçada por intelectuais, reitores de outras universidades e pelo próprio MEC, passando, então, a se chamar ?Universidade Nova? - tem como cerne a criação dos BIs (Bacharelados Interdisciplinares compostos por FG ? formação geral obrigatória e FD ? formação diferencial) com duração de 3 anos e grade curricular comum a todos estudantes. Após a conclusão do BI e a partir do coeficiente, pode-se ingressar ou não na formação profissional propriamente dita.

A proposta apresenta pontos positivos, por exemplo, ao adiar a escolha da carreira profissional por parte dos jovens que, ingressando cada vez mais precocemente na Universidade, acabam, não raro, a se descobrirem em cursos para os quais não possuem aptidão ou vocação. A proposta também acerta ao inserir a formação intelectual, cultural e questões éticas no currículo comum de todos os estudantes, visto estarmos em tempos de sociedade de massa, indústria cultural, instrumentalização do mundo da vida e colonização da sociedade pelo mercado, o que exige da Universidade a formação de indivíduos capacitados a enfrentar essas condições adversas.

Um ponto crítico, contudo, se deve ao fato de que, ao entrar na Universidade, os estudantes não terão certeza se sairão profissionalizados, uma vez que, terminado o BI, todos enfrentarão uma nova forma de seleção que determinará aqueles que continuarão o bacharelado profissional propriamente dito. Caso não consiga entrar no bacharelado profissional, o estudante sai da universidade como ?bacharel em área geral de conhecimento?, o que, convenhamos, não é muito atraente para o estudante, tampouco para o concorrido mercado de trabalho.

A forma de ingresso, nesse ponto, sendo via ENEM ou outra qualquer, não significa democratização do ensino superior, haja vista que o grosso do corpo discente apenas permanecerá durante o BI, ou seja, sairá sem completar uma profissionalização. Acrescente-se a isso as palavras do próprio reitor:

A concorrência certamente deve persistir na seleção para os cursos profissionais depois do BI, mas os candidatos já saberão do seu nível de desempenho e poderão se posicionar em cursos de acordo com os seus coeficientes de rendimento ou performance nos exames seriados.

(Disponível aqui)

O coeficiente como forma de ingresso ao bacharelado profissional perpetua o favorecimento de estudantes com anterior formação educacional privilegiada. Aqueles que, uma vez no BI, não conseguirem acompanhar o ritmo dos historicamente privilegiados terão, segundo o reitor, a possibilidade de se direcionarem para outros cursos, ou seja, notadamente os de baixo status social. Os cursos que apresentam alta competitividade continuarão sendo de difícil acesso. A questão das cotas se torna, então, premente: haverá realmente superação?

Outro ponto também extremamente discutível é a proposta de alteração da proporção professor-aluno (hoje em 1 para 12) para 1 para 60 nos BIs. As salas super-lotadas, similarmente aos cursos pré-vestibulares, afetariam diretamente o processo ensino-aprendizagem. Após o BI, a proporção voltaria a ser de 1 para 12, ou seja, muitos estudantes, necessariamente, não poderão cursar o bacharelado profissional.

Desta forma, destaca-se no texto apresentado pela Reitoria, uma separação evidente entre teoria e processo de implementação da mesma. Não restam dúvidas acerca da necessidade urgente de uma ampla reforma da arquitetura acadêmica da Universidade para que esta possa se inserir na contemporaneidade e, mais do que isso, possa estar à frente da construção de um projeto de sociedade justa e democrática. Os ensinamentos de Anísio Teixeira, dentre outros nomes que orgulham a memória nacional, devem, sim, ser guardados e atualizados. Contudo, não devem servir como discurso legitimador de uma reestruturação do modelo acadêmico que se configura, no mínimo, como apressada, pois não respeita o tempo característico do amplo debate democrático. Em questões de tal amplitude e profundidade, a eficiência (a pressa na aprovação do projeto) deve ceder lugar à reflexão conjunta.

Cabe à Reitoria fornecer o tempo suficiente para o aprofundamento da discussão democrática de tema tão importante. Torna-se, desse modo, inviável aprovar o projeto em março de 2007 ? inclusive devido ao encerramento das atividades letivas e às férias, o que impossibilita o debate no corpo discente - e implementá-lo já em 2008.1. Faz-se mister ampliar as discussões e é nesse sentido que o Diretório Acadêmico se posiciona desde já favorável à postergação de todos os prazos estipulados pela Reitoria acerca do assunto.




25.11.06

Vejam as fotos da nossa festinha. Ficaram ótimas...

Calminha pessoal. Não é vírus de orkut. São as fotos do ritual de ressurreição do D.A. Dêem uma olhadinha...



Daniel Rebouças canta para São Lázaro...


Essa é a banda Central Parque. Muito agito e vibração. Ainda bem que o teto suportou...


A galera curtindo...



Esse pessoal ainda faz pose...


A coreografia foi ensaiada durante anos...


A galera não resiste a um forró...



Claudinha...


... E Silas encerraram a festa com chave de ouro.


Parece que o pessoal gostou bastante. Que o diga o frezeer vazio... Outras virão, não se preocupem aqueles que não foram...

Pronto. Depois deste belíssimo ritual xamânico, o D.A. está ressuscitado! Lázaro! Vem pra fora!

Matrícula 2007.1 (AVISO URGENTE!)

Aviso a todos os estudantes de CISO-UFBA! A matrícula para o semestre 2007.1 será feita via web e, para tanto, todos devem ter CPF e e-mail válidos cadastrados no Colegiado. O cadastro deve ser realizado até o dia 30 deste mês (novembro), sem falta. O atendimento no Colegiado está sendo realizado até às 13h. O não cadastramento implicará na não matrícula e, conseqüentemente, a matrícula se dará presencialmente no Colegiado, mas no Lixão (as vagas que sobram nas disciplinas).

22.11.06


Vamos lá pessoal! Estão todos convocados!

No Pátio Raul Seixas da Faculdade de Filosofia da UFBA teremos a festa de posse da nova gestão do DA CISO.

Vai ser legal. A cerveja é Skol a R$ 1,25, e pra dar energia pra galera vai ter também um caldinho de sururu delicioso!!!!

As atrações são muito boas. Todo mundo lá!

21.11.06

Debate

20.11.06

Festa da Ressurreição

E, tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! Saiu aquele que estivera morto. Então lhes ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-o ir. (João 11: 43-44)


Ei, galera de CISO-UFBA!!! A nova gestão do Diretório Acadêmico (Por um diretório ACADÊMICO!) já tomou posse e está funcionando a pleno vapor. A camisa já saiu, bem como este blog que vossas senhorias têm a honra de ler. E temos muito o que fazer ainda. Mas como não somos bobos nem nada, resolvemos fazer uma pausa de um dia nos trabalhos para fazermos a primeira festa do D.A.CISO... Isso mesmo. É a festa de posse da gestão deste novo D.A. Todos convidados e convocados. Espalhem a notícia por e-mail, orkut, telefone, gritos e sinais de fumaça.

Data: 24/11/2006 (sexta-feira)
Local: Pátio Raul Seixas
Hora: 13h
Atrações: Banda Central Parque e + TRÊS atrações da FFCH (Silas, Claudinha e Daniel)
Cerveja Skol geladíssima: R$ 1,25

É isso aí... Todos à festa!

12.11.06

Hoje tem ENADE

Acontecem neste domingo (12) as provas do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que avaliará o aproveitamento acadêmico de 488.883 estudantes universitários de todo o país. Esse contingente representa mais de mil instituições de ensino de todo o Brasil. Os alunos selecionados são ingressantes ou concluintes de 15 cursos de graduação. O Enade é componente curricular obrigatório a todos os estudantes selecionados, sendo condição indispensável para o recebimento do diploma de graduação. Para saber os locais de provas, os alunos podem acessar o site do ENADE.

Fonte: UFBA em pauta

O Diretório Acadêmico não pôde se posicionar em relação ao exame devido ao pouco tempo de gestão, o que impossibilitou o aprofundamento das discussões com o corpo discente. No entanto, na Assembléia informativa realizada na última quinta-feira (9) algumas questões problemáticas foram levantadas, tais como: a obrigatoriedade de comparecimento; a retenção do diploma em caso de ausência do estudante; a divulgação em separado da nota de desempenho estudantil, o que promove o ranqueamento, dentre outros.

Os colegas são livres para decidir boicotar ou não o exame.

Aos colegas que planejam fazer a prova, desejamos boa sorte. E acrescentamos o lembrete de que as melhores notas do exame são beneficiadas com bolsas para o mestrado.

11.11.06

Universidade Nova

Na última quinta-feira, 9 de novembro, foi realizada uma Assembléia dos estudantes do nosso curso para discutirmos ENADE e UFBA Nova (Universidade Nova). Esta última é pauta de suma importância para o conjunto discente, pois trata-se de uma proposta de Reforma Universitária interna à UFBA e que tem como objetivo alterar toda a arquitetura acadêmica e curricular. Nada demais até aí, pois temos plena consciência de que a Universidade precisa ser contemporânea e, para tanto, necessita modificar sua estrutura. A proposta apresentada pela Reitoria, no entanto, não fornece o tempo suficiente para o aprofundamento da discussão democrática de tema tão importante, visto que planeja aprovar o projeto em março e implementá-lo já em 2008.1. Sem entrar ainda no mérito da proposta, posto que precisamos ampliar as discussões, desde já o Diretório Acadêmico se posiciona favorável a postergação de todos os prazos estipulados pela Reitoria.


Apresentamos abaixo trechos do documento UNIVERSIDADE NOVA, apresentado pela administração central da Universidade. Lembramos que dia 29 de novembro, o magnífico Reitor Naomar de Almeida estará na FFCH apresentando o projeto para a Unidade.


Universidade Nova: Descrição da Proposta

A idéia de estudos superiores de graduação de maior amplitude e não comprometidos com uma profissionalização precoce e fechada, bem como maior integração entre esses estudos e os de pós-graduação, já é realidade em muitos países social e economicamente desenvolvidos. O processo europeu de Bolonha é um exemplo eloqüente dessa concepção acadêmica que, por força das demandas da Sociedade do Conhecimento e de um mundo do trabalho marcado pela desregulamentação, flexibilidade e imprevisibilidade, certamente se consolidará como um dos modelos de educação superior de referência para o futuro próximo.

Um aspecto estreitamente relacionado a essa nova concepção de educação superior é o da interdisciplinaridade. Definida como o estabelecimento de nexos significativos entre os campos disciplinares, a interdisciplinaridade tornou-se uma exigência dos currículos contemporâneos em todos os níveis, etapas e modalidades educacionais.

Embora o conhecimento no mundo atual seja produzido em âmbitos altamente especializados, o entendimento da totalidade desse mundo, cada vez mais complexo e multidimensional, requer dos processos formais de ensino-aprendizagem uma abordagem integradora que confira sentido e significado ao conjunto de informações que se apresentam em fragmentos desconexos.

A proposta aqui denominada de Universidade Nova implica uma transformação radical da atual arquitetura acadêmica da universidade pública brasileira, visando a superar os desafios aqui analisados, resultando em um modelo compatível tanto com o Modelo Norte-Americano (de origem flexneriana) quanto com o Modelo Unificado Europeu (processo de Bolonha).

A principal alteração proposta na estrutura curricular da universidade é a implantação de Bacharelados Interdisciplinares (BI), propiciando formação universitária geral, como uma pré-graduação que antecederá a formação profissional de graduação e a formação científica ou artística da pós-graduação. Os Bacharelados Interdisciplinares representam uma alternativa avançada de estudos superiores que permitirão reunir numa única modalidade de curso de graduação um conjunto de características que hoje vem sendo requeridas:

· O alargamento da amplitude da base dos estudos superiores, permitindo uma ampliação de conhecimentos e competências cognitivas;

· A flexibilização curricular através do aumento de componentes optativos que proporcionarão aos estudantes a escolha de seus próprios percursos de aprendizagem;

· A introdução de dispositivos curriculares que promovam a integração entre conteúdos disciplinares

· O adiamento de escolhas profissionais precoces que têm como conseqüência prejuízos individuais e institucionais.

O BI terá duração de três anos, abrangendo grandes áreas do conhecimento: Humanidades, Artes, Ciências (da matéria, da vida, da saúde, da sociedade e sociais aplicadas), Tecnologias.. O currículo do BI poderá ser formado por quatro componentes: FG ? formação geral obrigatória, FD ? formação diferencial (optativas), FP ? formação profissional, além de uma seqüência de cursos-tronco paralelos durante todo o programa, como, por exemplo, língua e cultura brasileira e língua estrangeira moderna.

Na FG (Formação Geral), haverá módulos de filosofia (lógica, ética e estética), pensamento matemático, história, antropologia, literatura, estudos clássicos, expressão escrita, princípios e uso de informática, política e cidadania, ecologia, iniciação científica, atividade curricular comunitária, entre outros.

Os cursos FD serão optativos e oferecidos aos alunos de todas as opções de BI, sem distinção de nível, integrando graduação e pós-graduação. Buscando contribuir para escolhas maduras de carreira profissional, nessa etapa serão oferecidos módulos de introdução aos cursos profissionais, a exemplo da ?Introdução às Engenharias? já existente na Escola Politécnica e da ?Introdução à Psicologia? na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.

Os cursos FP serão optativos e oferecidos somente aos alunos da área de conhecimento do BI correspondente que concluíram o FG. Como a prioridade de matrícula nos cursos FP será dada por desempenho do aluno nos cursos FG e FD, haverá um permanente estímulo ao bom desempenho para aqueles alunos que pretendem usar o BI como via de entrada à formação profissional.

Na Universidade Nova, uma vez concluído o BI, o egresso poderá enfrentar o mundo do trabalho, com diploma de bacharel em área geral de conhecimento (Artes, Humanidades, Ciências, Tecnologias). Caso deseje, haverá as seguintes opções de prosseguimento de estudos:

a) Aluno(a)s vocacionados para a docência poderão prestar seleção para licenciaturas específicas (p.ex. do BI em Ciências da Matéria para Licenciatura em Matemática, Física ou Química), com mais 1 a 2 anos de formação profissional, o que habilita o aluno(a) a lecionar nos níveis básicos de educação;

b) Aluno(a)s vocacionados para carreiras específicas poderão prestar seleção para cursos profissionais (p.ex. Arquitetura, Enfermagem, Direito, Medicina, Engenharia etc.), com mais 2 a 5 anos de formação, levando todos os créditos dos cursos do BI;

c) Aluno(a)s com excepcional talento e desempenho, se aprovados em processos seletivos específicos, poderão ingressar em programas de pós-graduação, como o mestrado profissionalizante ou o mestrado acadêmico, podendo prosseguir para o Doutorado, caso pretenda tornar-se professor ou pesquisador.

Naturalmente, todos esses pontos constituem propostas preliminares, sujeitas a críticas, discussões e revisões, especialmente do ponto de vista de política institucional. Na mesma medida, há muitas outras questões, inclusive técnicas e legais, ainda em aberto.

10.11.06

Vista-se!

Está vendo essa camiseta aí?

É a nova camiseta do curso de Ciências Sociais da Ufba, produzida pelo D.A.

É uma camiseta bacana de algodão, com um desenho muito legal.

Temos modelos P, M, G, comum, ou babylook

Custa r$10,00.

Para adquirir uma, encontre um dos representantes do D.A. e exija a sua camisa. Se ele próprio não tiver "vale-camisas" na mão, rapidamente poderá te indicar quais dos representantes ainda têm camisas para vender.


O dinheiro da camisa será usado para cobrir os custos da confecção das camisas e para financiar atividades diversas do D.A.

Eu já comprei a minha.

Camilo Fróes

2.11.06

30º Reunião Anual da ANPOCS (Por Rafael Arantes)

Caros amigos, entre os dias 24/10 e 28/10, tive a oportunidade de ir assistir á 30º Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), em Caxambu, Minas gerais. Quero contar-lhes um pouco como funcionou este encontro e as minhas opiniões sobre ele.

A primeira coisa importante a ser dita é que o encontro da ANPOCS é muito rico. Acontecem variados eventos, discussões e debates ao mesmo tempo, com participação, inclusive, de professores e pesquisadores famosos nas mesas ou as coordenando, como Gilberto Velho, Gabriel Cohn, Renato Ortiz, Chico de Oliveira, entre outros tantos mais ou menos famosos. De fato, é difícil escolher para que evento se dirigir. Os eventos foram divididos em 13 modalidades distintas, a saber, a) Conferências; b) Sessões Especiais; c) Cursos; d) Conversa com o(a) Autor(a); e) Workshop; f) Fóruns; g) Exposições; h) Sessão Fonográfica; i) Sessões de Vídeo; j) Reuniões Especiais; l) Mesas Redondas; m) Seminários Temáticos; n) Grupos de Trabalho. Ocorreram todas estas coisas, além dos lançamentos de livros e da venda de outros tantos, com descontos tentadores, na feira montada no evento.

De uma maneira geral, as mesas redondas eram alocadas pela manhã (9h às 11h), enquanto pela tarde (13h30min as 17h30min), funcionavam os seminários temáticos e os grupos de trabalho. O restante das atividades era alocado nos intervalos entre esses horários, muitas vezes chegando a haver atividades iniciando-se as 21h30min e passando das 23:00h.

Eu posso falar um pouco mais das mesas redondas (MR) e dos Grupos de Trabalho (GT) porque foram as atividades que mais participei. As MR são atividades coordenadas por um ou dois pesquisadores e têm um tema central exposto em seu título. A partir da delimitação do tema, o coordenador é livre para escolher os expositores que têm cerca de 15 min a 20 min para expor os resultados de uma pesquisa ou delimitações teórico-metodológicas, a depender do expositor e do tema da mesa redonda. Em um mesmo horário (9h às 11h), aconteciam de 6 a 11 MR diferentes, nos três dias do encontro (25, 26, 27), visto que no dia 24 houve apenas a abertura e o lançamento de alguns livros.

Já os GT se referem a um tema anteriormente delimitado por um grupo e é aberto para que os pesquisadores, incluindo mestrandos e doutorandos, enviem seus trabalhos. Estes trabalhos são selecionados pelo coordenador e entram na composição da mesa do GT. Os GT são compostos de três sessões, uma em cada dia, que abordam aspectos diferentes de um mesmo campo de estudos. Apenas como exemplo, posso dizer que assisti aos três dias do GT "Cidades: Sociabilidades, cultura, participação e gestão". A primeira sessão tinha como abordagem "Modo de Vida Urbano: sociabilidades e cultura", a segunda "Participação, Política Urbana e Governança Social" e a terceira "Metrópoles: Crises, Vocações, Reconfigurações". Cada GT tem um ou dois coordenadores por dia e um ou dois debatedores. Cada trabalho apresentado é comentado, posteriormente, pelo debatedor, que teve acesso prévio ao paper que foi enviado ao GT. Após ás apresentações e aos comentários, é aberto debate para que a audiência possa se manifestar. Os Seminários Temáticos (ST) também seguiram os mesmos padrões dos GT, com um tema central e três sessões com abordagens distintas. Devo lembrar, ainda, que todos os inscritos na ANPOCS receberam um CD com os papers apresentados nos GT e ST.

Uma outra atividade que achei muito interessante foram as sessões especiais (SE). Houve apenas sete, mas tive a oportunidade de assistir a duas delas. Assisti "Marcel Mauss e as Ciências Sociais", com coordenação de Renato Ortiz (Unicamp) e exposição de Eric Sabourin (UnB) e Paulo Henrique Martins (UFPE) e "Brasil: os próximos anos", com coordenação de Gildo Marçal Brandão (USP) e exposição de Chico de Oliveira (USP), Marco Aurélio Nogueira (UNESP) e Luiz Werneck Vianna (IUPERJ). Das outras atividades, participei pouco por questão de tempo e não posso dar bons depoimentos.

Já lhes disse anteriormente que a reunião da ANPOCS é muito rica e posso dizer, agora, que gostei muito de ter tido a oportunidade de assistir á reunião. De fato, é uma oportunidade incrível para o estudante assistir certos debates e exposições, não apenas de autores consagrados, mas mesmo de mestrandos e doutorandos. Considero uma experiência fundamental principalmente para aqueles que já têm tema delimitado de monografia ou de pesquisa e que podem dialogar com pessoas de outros estados que também trabalham com o mesmo tema. Devo confessar que, no fim, sai com estas opiniões da reunião da ANPOCS, mas, logo de início, acumulei uma série de críticas e insatisfações com o modelo e o conteúdo das apresentações.

O primeiro ponto crítico a ser tocado é que o tempo de apresentação de cada expositor, principalmente nas mesas redondas, é muito pouco. Isso faz com que ou as apresentações partam de um pressuposto de que a audiência já domina, pelo menos em parte, o tema e acabe por excluir dos debates uma parte do público ou faz com que as apresentações sejam demasiadamente superficiais. Acho que essa opinião é partilhada por todos que freqüentaram a ANPOCS ou que freqüentam Mesas Redondas em outros lugares. Todavia, é um risco que todos teremos que correr um dia, visto que não temos e não teremos solução para isto.

Uma outra coisa que me incomodou bastante nas apresentações, principalmente nos títulos dos papers apresentados nas MR, foi o caráter demasiado particularista que os trabalhos assumiram. Os papers e as exposições se pautavam em minuciosos trabalhos empíricos que fez com que, muitas vezes, eu questionasse a relevância daqueles estudos para a sociedade ou mesmo para as Ciências Sociais. Tive dificuldade em enxergar as questões teóricas que norteavam os estudos e mesmo as contribuições de tais estudos para as Ciências Sociais. Não sei, entretanto, até que ponto essa dificuldade é minha, com todas as minhas especificidades de formação acadêmica e individual, ou se é um problema estrutural das pesquisas produzidas no Brasil que, me parecem, apenas aplicam modelos, métodos e teorias importadas, em detrimento de construir seus próprios instrumentos metodológicos e teóricos.

Enfim, minha angústia com a ANPOCS passou quando assisti à MR "Cidade, Cidadania e segmentações sócio-territoriais", com coordenação de Luiz César Queiroz Ribeiro (UFRJ), com exposições de Brasilmar Ferreira Nunes (UnB), Manuel Villaverde Cabral (Univ. de Lisboa) e Márcia Leite (UERJ) e no decorrer do GT sobre Cidades também. Neste momento, pude perceber que, pelo menos, os GT e os ST são compostos por comunicações, ou seja, o objetivo não é construir debates conceituais profundos, mas assistir o que os "nossos" pares (dos mestres e doutores) estão produzindo sobre cada tema, em cada área específica do conhecimento das Ciências Sociais. De fato, posso dizer, aprendi bastante com as comunicações e pude também "catar" nas falas, com um certo esforço, as teorias que nortearam os trabalhos em questão.

Apenas como um comentário, e não sei o motivo pelo qual isto acontece, vi pouquíssimos, para não dizer nenhum, estudos antropológicos fazendo parte da programação. Achei os temas muito mais voltados para a Ciência Política e a Sociologia, embora essa divisão estanque pareça não haver nas práticas de pesquisa social.

Por fim, quero dizer que a experiência valeu muito a pena. Valeu no sentido pessoal e no sentido acadêmico também. Voltei da ANPOCS com uma série de idéias renovadas, com uma série de questionamentos e reflexões sobre as teorias, sobre as pesquisas e sobre as trilhas que seguirei na minha trajetória acadêmica. Com isso, quero dizer que o esforço para participar de um encontro científico é muito válido e que nossa entidade representativa deve se esforçar para possibilitar essa experiência aos estudantes. Quero lembrar a todos que vai haver o XIII Congresso Brasileiro de Sociologia, com tema "Desigualdade, Diferença, Reconhecimento", em Recife, do dia 29/05/2007 ao dia 01/06/2007. Espero que, dessa vez, os estudantes da UFBA possam se mostrar presentes!

OBS: Vou disponibilizar, no DA, a programação dos ST e dos GT e o CD que contêm os papers expostos em cada uma dessas duas atividades para que cada um possa procurar a sua área de interesse e se atualizar com o que está sendo produzido no restante do país.

1.11.06

Linha editorial

Este blog será o site do D.A. A única diferença é que não é um site, mas um blog.

Serão postados:

- assuntos ligados ao Diretório (reuniões, pautas, deliberações, datas, eventos, debates etc);

- assuntos ligados ao cotidiano do curso (Colegiado, matrícula, disciplinas etc) e da Faculdade (notícias diversas);

- trechos de textos contemporâneos das ciências sociais;

- links úteis para os estudantes;

- textos e poesias dos próprios estudantes (a serem enviados para o e-mail novoda@grupos.com.br);

- temas atuais e polêmicos para discussão no espaço de comentários (UFBA nova, Reforma Universitária, eleições 2006, ENADE etc).

A comissão de comunicação do D.A está aberta a sugestões e críticas. Participem e passem sempre por aqui.